A SEMANA SANTA
Nunca podemos julgar os costumes
de uma época passada com os olhos da atualidade, mas o oficio me cobra um
relato o que mudou no período da semana santa ao longo do tempo na cidade de
São João da Serra. Primeiro, os fazendeiros locais só ordenhavam suas vacas de
leite até a quarta feira, pois havia uma crença, que dizia, ``se tirar o leite
da vaca na quinta e seixa feira maior, o que sairá das tetas será nada mais do
que sangue.`` As crianças só banhavam ate a quarta feira, se não obedecesse
ficariam entrevadas. Não se pegava em dinheiro, facas. Na alimentação, não se
consumia nada com o sabor adocicado ou seja, nada que tinha açúcar, o café e os
chás eram amargos. As moças faziam um cocô no cabelo na quarta e ali não mais
os penteava. Não se falava alto, não se xingava, não se cortava os cabelos,
pois ficaria ```ruim da bola``,ou seja, ficaria doido do Juízo. Moradores que
tinham papagaios, cachorros presos por cordas ou correntes nesses dias os
soltavam assim, como jumentos, cavalos e éguas não eram presos por pêas de
couro. Os moradores mais afortunados, fazendeiros ou comerciantes doavam sacos
de estopas e roupas para confeccionar o judas, que o mesmo era amarrado com uma
corda grossa em um grande pequizeiro
existente na época, onde hoje fica a praça do abrigo. O Judas era derrubado a
tiros e relata-se que o senhor Benedito Quirino, um comerciante local, dono de
uma grande mira era quem conseguia derruba-lo. Alguns garotos usavam o Judas
para assustar, geralmente as pessoas que moravam sozinhas, colocando o mesmo na
porta principal das casas com os braços estendidos e logo depois batiam palmas
e saiam correndo. Com a pouca iluminação das casas gerava um grande susto ao
morador.
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